Ainda estava a habitual alvoroço de inicio de corrida quando o primeiro touro da noite lidado por Joaquim Bastinhas, um Conde Cabral de 515 quilos, o mais pesado da corrida, mal sai dos curros salta de imediato a trincheira espalhando a confusão na mesma. Um touro com alguma emoção no momento do ferro mas ao mesmo tempo distraído e com predilecção para voltar a saltar as tábuas. O maestro Bastinhas incutiu-lhe o seu toureio alegre e sério a abriu em bom tom a corrida terminando a sua lide com o par de bandarilhas a pedido do público. Pedro Espinheira, cabo do grupo do Ribatejo abriu o capítulo das pegas pegando à terceira tentativa a sesgo.
Sónia Matias lidou um exemplar de 450 quilos que cumpriu. A cavaleira espalhou a sua beleza pela arena poveira e a sua raça cravando bons ferros e terminando a sua lide montada no Atrevido com o tradicional ferro em sorte de violino. Fábio Silva dos amadores da Moita pegou à primeira tentativa e levou para casa o troféu João Moreira de Almeida para a melhor pega de caras da noite.
A corrida ia em tom crescente e Filipe Gonçalves muito contribuiu para uma ascensão para um patamar de excelência. Frente ao melhor touro da corrida de 500 quilos, um bravo encastado de fácil arranque, o furacão algarvio deu-lhe a lide adequada de modo a sacar triunfo. Abordou o touro de frente e não com câmbios como é seu hábito e deixou a Póvoa em êxtase com bons ferros, desenhos das sortes bonitas e remates de chamar a atenção com piruetas e palmas por parte das suas montadas. Não terminou com o habitual par de bandarilhas mas sim com dois ferros em sorte violino. Bruno Pires dos forcados do Ramo Grande, Açores pegou o touro à terceira tentativa. No final cavaleiro, forcado e ganadeiro deram a volta à arena e se o troféu para a melhor lide fosse para Gonçalves não teria sido mal entregue também.
João Moura Caetano seria o cavaleiro a levar o prémio da Casa do Pessoal da RTP, para a melhor lide a cavalo, para sua casa. O cavaleiro de Monforte contou com uma noite muito inspirada do seu cavalo craque, o Temperamento executou grandes cambiadas com emoção e precisão na cara do Conde Cabral que saiu com problemas numa das mãos mas que o veterinário e director de corrida não detectaram e não enviaram o touro para os curros novamente. O cavaleiro soube fazer durar o touro e deixou ferros muito bons. Na segunda ronda de pegas os do Ribatejo pegaram por André Martins à segunda tentativa com o touro a cair a meio da viagem devido à lesão nos membros anteriores.
João Maria Branco de certeza que queria continuar a dar bons momentos de toureio aos aficionados nortenhos e não deixou os créditos por mãos alheias. Seguro nos compridos e atrevido nos curtos com sortes de batida ao piton contrário, o jovem de Estremoz realizou uma lide agradável e bem conseguida. Os amadores da Moita passaram momentos de aflição na cara do touro na hora da pega, Francisco Miranda foi dobrado à segunda tentativa e esse mesmo acabaria também por ser dobrado à terceira tentativa. Nos piores momentos se vê a liderança de um cabo tendo Pedro Raposo emendado a pega à quinta tentativa.
A praticante Mara Pimenta vinha para tentar mostrar que quer singrar na alta roda do toureio. O seu oponente marcou 455 quilos nas balanças da praça e Mara entrou a acusar um pouco a pressão na hora de cravar. Lidou o mais reservado touro da corrida mas saiu em crescente com um ferro de palmo. Para fechar a noite os forcados açorianos pegaram à primeira tentativa por Luís Valadão com o touro a ensarilhar na cara do forcado.
Em suma uma boa corrida de touros com emoção e bravura nos touros e com os cavaleiros a poder bem com eles, já os forcados tiveram uma noite bem dura.
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