terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Entrevista a Vasco Pinto


OT (Olhar Taurino) - Como surgiu a vontade de pegar touros?
VP (Vasco Pinto) - Arrisco-me a dizer que foi de forma natural, todos os meus familiares estiveram ligados à tauromaquia e especial aos forcados, muitos deles foram Fundadores do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete. Tinha apenas 7 anos de idade quando peguei a primeira vaca e 16 o primeiro toiro.

OT - Qual a sensação quando se está cara a cara a um touro para realizar uma pega?
VP - A sensação está associada ao momento de forma que cada forcado vive e também se é a primeira, segunda ou terceira tentativa por exemplo. Diria que no estado normal o forcado quando está cara a cara com o toiro pensa apenas naquilo que tem de fazer para que as coisas corram da melhor forma, que é consumar a pegar.

OT - Como surgiu a hipótese de suceder a João Pedro Bolota e como geriu toda essa situação?
VP - A hipótese surgiu porque o João Pedro Bolota pretendia dar por terminada uma longa e brilhante carreira de forcado. Por unanimidade o Grupo de então acho que eu reunia as condições e decidi aceitar com grande orgulho e responsabilidade a função que me era confiada.

OT - É mais fácil ser cabo ou unicamente forcado?
VP - Não existe comparação. É muito, mas muito mais fácil ser-se apenas forcado. Um cabo tem à sua responsabilidade toda uma história de um Grupo, a integridade física dos seus amigos e colegas. Tem de ter a capacidade para gerir personalidade, ansiedade e expectativas de 30 ou mais elementos. Não é certamente uma tarefa fácil, mas com muita ponderação, frontalidade, coerência e amizade tudo se consegue ultrapassar.

OT - Sendo cabo do grupo de Alcochete como vê o grupo esta temporada?
VP - Temos um grupo de homens fantásticos, que dentro da arena são uns “leões” a defender a nossa ramagem e o nome da Vila de Alcochete. Sinto que temos um grupo bastante coeso, fruto de uma amizade sã, que nos garante para muitos anos e esta temporada manteve o registo das anteriores com boas actuações nas principais praças do país.

OT - Quantas corridas pegaram esta temporada?
VP - Esta  temporada actuámos em 20 espectáculos, pegando um total de 67 toiros.

OT - Como descreve a sua pega realizada na feira de Alcochete a um touro tão complicado e qual foi a sensação de ver a praça toda em pé a aplaudi-lo no fim de consumada a cernelha?
VP - Foi uma pega muito difícil, que inclusivamente já previa perante a lide e comportamento do toiro. Era um toiro violento e que não permitiu nas duas primeiras tentativas o grupo fechar. A partir daí deixou de querer investir e não pôs mais a cara. No final com a consumação da pega de cernelha foi o reconhecer por parte do público o meu esforço e do Pedro Belmonte. É sempre gratificante, para mais perante a nossa gente.

OT - Qual a corrida ou a pega que mais o marcou na sua carreira?
VP - O concurso de ganadarias em Alcochete no ano 2010, em que tive a felicidade de conseguir  concretizar ao primeiro intento a pega a um toiro de Campo Peña com 720kg.

OT - Já pegaram touros aqui no Norte, como caracteriza a aficion nortenha?
VP - Uma aficion muito calorosa e bastante afectiva com os Grupos de Forcado. É sempre um prazer actuar no norte do país.


VP - Que continuem a ir aos toiros e que defendam a nossa festa dos sucessivos ataques. Vivemos num país democrático e não devemos nunca deixar que invadam a nossa liberdade cultural.


O blogue Olhar Taurino agradece a disponibilidade de Vasco Pinto para nos conceder esta entrevista.



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